A PRINCESA – PARTE 08

– Ela está tímida, com os braços cruzados. – Desculpa não bater para entrar, mas é que o Carlos disse que era melhor assim.

– Tudo bem. Bom, você já conhece o quarto, sente-se.

– Licença. – Ela me olhava atentamente. – Moletons são tão confortáveis, não é mesmo?

– Sim… São. – Me levantei indo em sua direção. – Vou trancar a porta, ninguém costuma entrar, mas vai que hoje é dia de visitas. – Sorri passando por ela, sentindo seu olhar acompanhando meus passos. Tranquei a porta e voltei passando por ela novamente. Até que ela me segurou pelo braço.

– Pelo amor de Deus, para… Me olha nos olhos, por favor. – Encarei-a seriamente. – Acredite, eu sinto muito por ter tentado te esquecer… Mas, olha, não deu certo.

– Eu sei, Carlos me disse.

– Então. Eu estou aqui, no meio do seu quarto… Me encara, me nota, me xinga.

– Vocês se beijaram? – Perguntei séria.

– Sim, nos beijamos.

– Priscila eu peço que por gentileza, solte meu braço.

– Não.

– Priscila, eu ordeno. – Falei com os olhos cheios de lágrimas.

– Foda-se eu não vou te soltar. Chame um guarda real, princesa. – Do nada a luz acabou fazendo um estouro enorme.

– Ai, que susto! – Gritei.

– Princesa, princesa Maria Julia. – Um guarda bateu na porta. – A senhorita está bem?

– Sim, estou! Não se preocupe… Estou até deitada.

– Ok, avisarei ao rei. Não se preocupe que provavelmente foi o gerador que estourou, estão três guardas encostados em sua porta, qualquer coisa, só chamar.

– Obrigada! – Gritei.

– Você tem três guardas se quiser gritar para que eles me tirem daqui.

– Jamais vou te expulsar.

– Então me escuta. – Fiquei em silêncio. – Eu beijei Adriana, ela me levou em casa e nos beijamos dentro do carro.

– Poupe-me dos detalhes.

– São os detalhes que você precisa saber, Adriana é uma mulher linda, incrível e da minha comunidade… Mas ela não tem detalhes que você tem. Ela não tem seu sorriso ou o detalhe da sua pele… Ela não tem aquele detalhe que eu adoro em você, que é seu jeito de falar. Ela não tem sua voz… Ela não tem seu coração. O beijo dela não chega aos pés do seu. O detalhe do seu perfume. Se lembra de nós duas na estufa?

– Claro.

– Lembra o que eu te disse?

– Sim, você disse que essa história de conto de princesas, que isso iria acabar mal.

– Sim, eu disse isso, mas eu disse mais coisas também.

– Sim, disse que você não sabia, todas as vezes que te questionei, você não sabia.

– Pois agora eu sei… Quando eu beijei ela, eu entendi, Adriana tem todas as qualidades que eu procuro em alguém. Mas aí que está, eu não procuro mais alguém, eu procuro por você. Quando estava beijando-a, eu só pensava em você. Lembrei de nós duas na estufa dançando. Você me levantando, me tratando como tanto carinho. Lembrei do seu sorriso. Lembrei de você me olhando no samba. Isso tudo eu só sinto com você, tudo o que eu sempre quis, eu só vou encontrar em você.

– Você pode estar equivocada.

– Eu quero você… Com todas as barreiras, todos os obstáculos, tudo o que pode vir a acontecer, eu não estou nem ai. Eu só quero você, Maria.

– Priscila, não brinca com isso. – Sussurrei, chorando baixinho. Ela soltou meu braço, mas senti seus braços envolvendo minha cintura rapidamente.

– Eu só quero ficar com você. – Ela sussurrou. – Não chore, eu estou aqui. Diz que você me quer, eu juro por Deus que eu nunca mais vou deixar você, nunca mais vai se sentir sozinha. E juntas a gente enfrenta o que vier. – Ela começou a chorar. – Diz que me quer Maria. Só me diz isso.

– Eu quero. – Falei com dificuldade, eu não conseguia parar de chorar e escutava o mesmo vindo dela. E do nada senti sua boca tocando a minha.

– Minha princesa. – Selou nossos lábios novamente. – Minha menina, minha Maria… Prometo fazer tudo pra te ver feliz. – Ela me deu outro beijo segurei em seu rosto, para não perder mais o contato.

Escutamos um estalo, a luz tinha voltado, ela me abraçou apertado.

– Princesa, desculpa atrapalhar mas a luz voltou, está tudo bem?

– Está sim, voltarei a dormir. Boa noite para vocês.

– Boa noite, senhorita. – Ele gritou.

– É melhor deixar só a luz do abajur acesa. – Ela disse segurando em minha mão.

– Tens razão.

– Posso deitar com você aqui? Sempre quis deitar em uma cama gigante… Ainda mais dessas que tem essa tenda por cima.

– Pode sim. – Sorri. – Quer beber algo? Comer?

– Não, eu estou ótima. Só quero que deite aqui, me deixa fazer cafuné em você. – Ficamos em silêncio por um bom tempo, admito que estava quase dormindo com os carinhos dela. – Quem diria… Nós duas, juntas… Tenho orgulho de você. De como você é, do que anda fazendo para melhorar as coisas.

– Eu também tenho orgulho de você.

– De mim? Porque? Eu só fico atrás de um balcão entregando pães.

– Porque é uma boa filha, boa irmã, é uma boa amiga, trabalha muito. E é muito inteligente e justa… Caso não saiba, é linda também.

– Acha tudo isso?

– Sim, eu acho… Te contei que essa semana farei uma sessão de fotos para uma revista teen, eu e minha irmã.

– Está me zoando?

– Juro que falo sério! Minha irmã está amando a ideia, já eu, nem tanto. Mas acho que sei o que o rei quer, ele quer deixar a gente tão próximas tipo Willian e Harry da família Britânica.

– Meu Deus, eu preciso comprar essa revista! Qual é a revista?

– Toda Teen, conhece?

– Fiz altos quiz na minha adolescência. Vou ser a primeira a comprar.

– Te darei uma autografada e com dedicatória.

– Ai sim, coloque na dedicatória que é minha, só minha. – Ela me abraçou apertado.



POV PRISCILA

Faz duas semanas que resolvi tentar, e que bom que resolvi. Estou tão plena, tão feliz. Não paro de sorrir.

A revista saiu, e está sendo sucesso de vendas. E ela como o prometido me deu uma edição autografada.

“ Espero que goste, da sua, sempre sua Maria Julia.”

Ela não pode estar sempre presente, mas, ela se faz de alguma forma, fica conversando comigo até tarde. Até dormimos com o celular.

Hoje o dia está sendo difícil, não que todo o dia não seja para um negro ou uma negra nesse país. Mas, hoje tudo está dando errado.

É aqueles dias, que eu precisaria de uma dose cavalar de carinhos dela.

Eu: Dia difícil… Sinto sua falta.

Maria: O que foi? Algum problema no trabalho?

Eu: =(

Maria: Preocupada com você, querida.

Eu: Só queria um abraço seu.

Maria: Prometo fazer o possível para te abraçar o quanto antes. Vou entrar em uma reunião, por favor, fique firme. Dou notícias assim que puder.


Horas depois.

A padaria do hipermercado lotou, uma fila gigante, por horas, devido uma promoção maluca de compre um, leve cinco.

Os padeiros não pararam de trabalhar um segundo, no balcão geralmente somos em quatro pessoas, duas faltaram. E o outro está em horário de lanche, a fila já é menor, mas mesmo assim está complicado. Me sinto uma barata tonta andando de um lado para o outro.

– Meu Deus, mas que demora moça! – Uma senhorinha se manifestou na fila.

– Lamento senhora, estou fazendo o que posso, a senhora é a próxima e já lhe atendo.

– Fazer o que né? – Ela olhava com cara de deboche.

Faltava poucas pessoas para serem atendidas, minhas pernas já estavam bambas de tanto trabalhar eu precisava pelo menos tomar um pouco de água.

Aproveitei que era sempre um senhorzinho que ia buscar pão de queijo e que sempre conversávamos e pedi um minuto para tomar uma água.

Ele foi super compreensivo e disse que não teria problemas.


– Ah, mais eu não acredito nisso! – Uma mulher toda bem vestida se manifestou, chamando a atenção de todos. – A gente aqui na fila e você indo beber água! Deixando um senhor de idade esperando.

– Eu autorizei, senhora, conheço a menina, venho todos os dias aqui e não estou com pressa. – Senhor Edgar sorriu para a mulher tentando tranquiliza-la. – Sua vez está chegando, não precisa gritar. Se está aqui muito tempo notou que ela está de pé andando para cima e para baixo e não parou nenhum minuto. Fique calma.

– Pelo amor de Deus, senhor! Isso é um absurdo, tinha que ser preta, mesmo! – Ela gritou em alto e bom som.

Todos olharam para ela e para mim sem entender, alguns concordando outros espantados.

– Repita o que você disse. – Uma voz bem familiar surgiu. – Vamos senhora, repita.


A mulher já se virou na fila pronta para esculachar, mas quando ela viu de quem se tratava ela quase teve um treco. Admito que eu também.

– Princesa. – Ela se curvou perante a Maria. – Eu rezo muito pela família real.

– É religiosa? – Maria perguntou e conhecendo-a bem, ela estava furiosa.

– Sim, muito.

– O que adianta rezar se tem esses atos com o próximo?

– Princesa, me perdoe mas é que estou na fila a muito tempo.

– Eu também estou e nem por isso estou reclamando.

– Faço questão que passe na minha frente.

– Qual seu nome?

– Angélica.

– Angélica… Primeiro, eu não quero passar na sua frente, segundo não é para mim que você tem que pedir perdão. Seu comentário foi racista e eu não vou admitir esse tipo de comportamento perto de mim.

– Desculpa, princesa.

– Aquela mulher trabalha muito, trabalha arduamente para servir todos com um sorriso no rosto e você solta um comentário desses?

– Eu estou tento um mal dia.

– Não justifica, eu ordeno que você peça desculpas para ela.

– Mas…

– PEÇA! – Maria gritou, ela estava vermelha de tanta raiva.

-Moça… Moça. – A mulher me chamou desesperadamente enquanto atendia o senhor Edgar. – Desculpa pelo o que falei. – Ela tentou, sei que no fundo ela não estava arrependida e que falaria pior se Maria não tivesse surgido ali.

– Tudo bem, já estou terminando para atendê-la.

– Não, eu preciso ir… É melhor eu ir. Com licença, majestade.

Maria não disse nada para aquela mulher apenas fechou a cara, as pessoas ficaram em silêncio e até outros setores olhavam curiosamente.

– E todos vocês que estão aqui na fila ou que estão próximos, eu escutei que alguns deram apoio, deram voz para aquela mulher racista. Espero que vocês melhorem, porque isso é uma crueldade sem tamanho. – Maria falava alto como quem fizesse um discurso. – Julgar, menosprezar, eu tenho nojo de pessoas que apoiam atitudes como essas. E para aqueles que não apoiam essa manifestação de ódio gratuito, não ouçam e fiquem quietos pensando em como o mundo está perdido só para depois fazer um texto no Facebook para ganhar likes. Ao testemunhar racismo, homofobia, ou qualquer tipo de manifestação. Abra a boca, conflite! Essas pessoas precisam ver que não é falar e fica tudo certo. Vocês vivem pedindo para o rei um país melhor. Eu, falando em nome da cúpula, estamos tentando melhorar, mas não é só os dirigentes que mudam uma nação… A nação se muda também. E que tal mudar a postura e começar a agir?
Ela foi aplaudida, algumas pessoas saíram da fila. Resmungando.

– Próximo. – Era ela, falei baixinho estava com a voz embargada. E um pouco constrangida, não vou mentir, estou de uniforme, com o cabelo preso em uma redinha, provavelmente toda suada com o calor que vem dos fornos lá de dentro – Princesa. – Me curvei perante ela. – O que deseja?

– Olá. – Ela percebeu que eu não estava bem. – Não quero nada da padaria, eu só queria te ver.

– Você ficou todo esse tempo na fila?

– Ficaria mais se preciso… Aguente, por favor, o dia está acabando, pelas minhas contas falta apenas vinte minutos para você sair. Estou certa?

– Está.

– Eu não irei embora, vou te esperar sair, está bem?

– Está, mas você precisa levar algo daqui se não vão desconfiar.

– Está bem, o que me sugere?

– Doce ou salgado. – Perguntei tentando descontrair.

– Ambos, Carlos comerá comigo.

– Vou pegar para vocês.

– Está bem.

– Com licença, majestade. – O gerente máster apareceu e se curvou. – Feliz em saber que gosta dos nossos produtos.

– Sim, gosto.

– Lamento pelo episódio… Priscila você está bem? Quer sair mais cedo? Não precisa nem vir amanhã, se quiser – Ele perguntou todo preocupado, eu nem sabia que ele sabia quem eu era.

– Não, falta apenas 20 minutos para eu ir.

– Oh sim, bom sendo assim… Qualquer coisa, me comunique.

– Sim, obrigada. – Sorri.

– Com sua licença, princesa… Ah, tudo o que a princesa pedir, é por conta da casa. – Ele sorriu.

– Obrigada, tenha um bom trabalho.

– Toma, alguns pães de queijo, estão quentinhos você vai gostar e tem alguns pães doces também.

– Obrigada, estou no estacionamento, o carro você já conhece bem. Vá até lá, vou ficar te esperando.

– Eu estou de moto.

– Deixe a moto aqui, me deixa te levar para sua casa hoje? Eu sei que é trabalhoso amanhã para você voltar mas, eu só quero ser uma garota normal que está levando a sua garota do trabalho para a casa hoje. – Ela fez uma carinha de cachorrinho pidão.

– Está bem, eu deixo.

– Até mais… E obrigada pelo excelente atendimento, senhorita – Ela sorriu e piscou.

Saí do trabalho e encontrei o carro no meio daquele estacionamento gigante, bati e entrei, com a ajuda dela.

– Oi. – Disse tímida ao entrar.

– Oi. – Maria me abraçou forte.

– Oi, Carlos. – Apertei a mão dele que sorriu abertamente.

– Oi, vamos para onde? – Ele perguntou limpando o farelo de pão da roupa.

– Sim, por favor… Pode ser lá para casa? – Perguntei para Maria.

– Claro, estou a seu dispor. – Ela sorriu segurando minha mão. – O que foi?

– Tem açúcar na sua boca, está engraçado, me deixa limpar.

– Limpe. – Ela fechou os olhos e a boca enquanto eu passava a mão. – Será que seus pais vão entender o fato de de repente eu aparecer na sua casa.

– Sim, eles sabem que hoje o dia não está fácil… Só vou te pedir para não demorarmos muito na social, quero ir para o quarto, quero me jogar na cama e ficar com você.

– Tudo bem, como você quiser. – Ela me abraçou me trazendo para perto.

– Estou suada e cheirando a pão.

– Não me importo, vamos relaxe o corpo, me deixa cuidar de você.

Chegando em casa, acho que nenhum vizinho nos viu entrar, Carlos foi liberado para ir ver Paloma enquanto Maria ficaria comigo.

Em casa, meus pais e meus irmãos a receberam bem, mas depois do que aconteceu hoje com meu irmão a energia não era a mesma. Minha mãe disse que prepararia uma comida para nós, então fui para o quarto com Maria.

– Se importa se eu tomar um banho primeiro? – Perguntei abrindo o guarda roupa.

– De jeito nenhum, vai lá… Vou aproveitar e ligar para minha irmã, não falei com ela hoje. – Me aproximei e beijei-a.

– Desculpa não ter feito isso antes.

– Tudo bem, tome seu banho e volte para mim.

E foi isso que fiz, tomei um banho, vesti uma roupa e voltei para o quarto, ela já estava deitada na cama lendo um livro qualquer. Me deitei ao seu lado.

– Me diga o que aconteceu. – Ela fechou o livro.

– Meu irmão foi vítima de racismo hoje pela manhã… Não foi a primeira vez, mas é sempre um baque.

– O que? Como assim? Porque? Ele é uma criança!

– Eu sei… Ele estava em um shopping, meu pai levou ele para comprar um tênis, porque o pé dele está crescendo muito rápido. Mas, ai antes disso, eles resolveram comprar umas besteiras em uma loja de conveniência. E meu irmão pediu um chocolate para meu pai e ele falou que meu irmão podia pegar, mas que fosse lá, pegasse correndo e voltasse que estava quase na hora deles passarem no caixa. Meu irmão foi, meu pai viu ele voltando e sendo apanhado por um segurança.

– Mas porque?

– Porque ele estava correndo com um chocolate na mão, mas a questão mesmo é porque ele é negro e estava correndo com um chocolate na mão.

– Isso é um absurdo!

– Eu sei. E foi ai que meu pai precisou, mais uma vez, explicar pela primeira vez a um filho o que é o racismo… E ai a palavra vem, e só de falar a palavra já dói.

– E seu irmão?

– Ele ficou assustado, a única coisa que ele falava para meu pai era que não tinha feito nada de errado.

– E o segurança? E a loja?

– O segurança disse que estava fazendo o trabalho dele, mas nós sabemos que ele não faria isso com alguém branco. Como ele pode julgar que meu irmão estava roubando se nem em direção a saída ele estava indo.

– Ridículo… Olha se vocês quiserem, podemos resolver isso na justiça.

– Não dá… Você ficaria pobre de tanto pagar os advogados. – Dei uma risada mas, depois me calei.

– O que está pensando?

– Na minha primeira vez, eu tinha sete anos quando um grupo de meninas na escola me cercou com tesouras nas mãos dizendo que iriam cortar meu cabelo para ariar as panelas da casa delas.

– Que horror.

– E cortaram, não tanto porque uma professora chegou, mas cortaram um pouco. Tantas vezes falaram da minha pele, me chamaram do que você ouviu hoje. Quantas vezes eu fui em salões e a primeira coisa que eles falam é que meu cabelo é ruim. Que eu preciso alisar.

– Seu cabelo é lindo.

– Sim, hoje eu tenho orgulho dele. Mas, nem sempre foi assim. Você já foi adolescente assim como eu, você sabe das inúmeras inseguranças, corpo mudando, cabeça mudando e ainda ter que lidar com esse tipo de coisa não foi fácil. Eu não tinha ninguém para me servir como exemplo para me dizer, você é linda do jeito que é… A internet me ajudou nisso.

– Sei tão pouco dos seus conflitos, me fala mais. Me diz por exemplo de termos. O que é certo o que é errado, quais termos racistas são mais utilizados e porque eles são racistas.

– Quer saber mesmo?

Continua…

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