Entrevista com GA31 – A força da mulher sapatona

Betinas, vocês já conhecem a GA31? Já ouviram alguma das musicas que estão circulando pela internet e tem a maior pegada sapatonica/feminista/liberal/fora preconceitos/babado? Precisam ouvir e dançar muito na balada ao som da força da mulher sapatona <3 Vejam aqui o canal oficinal da GA31 e em especial indico essa música aqui pra vocês 😉

Agora, confiram essa entrevista reveladora e especial da GA31 para o SouBetina.

1 – Olá, GA31. Recentemente nos mostraram o seu canal no youtube e nos apaixonamos por todo o conteúdo que tem lá. Tanto as musicas como os vídeos. De onde surgiu o projeto? Qual a proposta da GA31?

Resposta: É uma longa história. Sempre trabalhei com música eletrônica e, em 2008, surgiu a ideia de compor músicas para uma personagem conceitual, que representasse todos os meus ideais. Entrei num processo de pesquisa e em alguns meses o “Projeto Gabi” estava pronto. Lançamos um EP na época chamado “Conceito”, que contou com um hit incrível chamado “Eu Gosto De Mulheres” (Essa música é muito popular até hoje e foi produzida por mim e o produtor CMS, que na época se identificava como “CM”). Até que um dia entrei na Internet e descobri que haviam vários clones meus, copiando meu trabalho e roubando minha identidade. Entrei em depressão e abandonei tudo por mais de 4 longos anos.

Em 2013, descobri Ines Brasil. Seu vídeo viral para a inscrição no programa “Big Brother Brasil” foi um sucesso e surgiram alguns remixes do áudio pela internet. Foi aí que eu descobri que havia uma lacuna na música brasileira: não temos grandes nomes na música eletrônica conceitual. Então resolvi reativar todo meu trabalho nessa nova fase, “GA31 by CMS”. Uso números na grafia do meu nome para me diferenciar dos clones da Internet.

2 – A GA31 tem uma voz ‘tecnológica’. Ela é produzida de alguma forma especial? A ideia é parecer diferente?

Olha, eu procuro pensar que a voz de GA31 é um megafone que capta, sintetiza e grita ao mundo todas as reivindicações sobre direitos humanos e conflitos urbanos atuais. É como um púlpito onde todas as vozes são exaltadas. Quero ser um canal representativo para todas as mulheres, homens, pessoas transexuais e para todos os seres humanos especiais, violentados pela sociedade atual e menosprezados ao receberem a irrelevante classificação de “minoria”.

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3 – As imagens dos vídeos são super conceituais e combinam perfeitamente com o som. Essas imagens são produzidas especialmente para a GA31? É mais uma forma de trazer poesia ao projeto?

Todas as nossas músicas e todo o nosso trabalho (instrumental eletrônico, melodia, letra, arranjos, vocais, batidas, etc…) é 100% autoral e feito por GA31 e o produtor CMS em nosso estúdio no interior de São Paulo. Porém, nós tivemos várias discussões sobre a concepção dos clipes.

No meu primeiro álbum, “Clímax”, lançamos um “lyric vídeo” para o single “Encontro Casual” com fotografias eróticas retiradas de páginas de arte pornô do Tumblr. No final da divulgação do álbum queríamos algo a mais, então resolvemos fazer alguns clipes mais bem elaborados e conceituais. No começo tudo era muito simples e talvez até amador. Não sabíamos muito bem como proceder com isso – se faríamos novas imagens, trabalharíamos com uma atriz, etc.

Chegamos a um consenso em 2014. Nós resolvemos usar como matéria prima algumas obras de um estilo relativamente novo, que é tendência no mundo da moda. Os chamados “Filmes Fashion” são pequenos filmes ou curtas-metragens de grandes profissionais da arte, moda, imagem e som. Eles são expostos em mostras de cinema, desfiles, exposições de arte e na Internet. Com este denso material nós criamos os clipes da era DEFAME. É uma linguagem totalmente poética que agrega muito valor ao nosso trabalho.

4- Muitas músicas da GA31 carregam uma bandeira a cerca da mulher e, sobretudo, mulher lésbica. A GA31 é uma feminista ativa na causa, ou reflete a nova postura da mulher moderna, apenas?

Enxergo-me como feminista. Acho que sigo uma vertente mais discreta. Gosto de mostrar para as outras pessoas que temas que elas consideram “chocantes” são absolutamente normais pra mim e para outros indivíduos. As pessoas ficam surpresas e refletem sobre isso, é muito interessante. É como se elas pensassem: “Ou ela é louca, ou eu sou!”. Essa reflexão a partir de um choque inicial é muito importante para quebrarmos preconceitos e lutarmos por uma igualdade social na esfera urbana. Temos que nos mostrar, exibir nosso conceito, nosso estilo de vida. A sociedade vai olhar pra isso e começar a pensar melhor…

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5 – Trazer adjetivos como “sapatona” nas músicas é ousado, se olharmos pelo fato de haver muito preconceito ao redor da palavra. A GA31 não só usa esse termo como traz nas letras das canções detalhes de relações lésbicas. Essa é uma forma de fazer com que seja cada vez mais comum falar das relações homossexuais também nas músicas?

É uma ironia, um cinismo ativista. Dizer essa palavra nas minhas músicas é como me desprender de uma carapaça social maléfica, que nos mutila e nos limita ao medo de sermos autênticos. “Sapatona” é uma palavra rica, com uma carga histórica intensa e pode ser interpretada com significados preconceituosos ou não. Pra mim essa palavra não é ousada ou preconceituosa, e sim corajosa e natural. Não me soa ofensivo.

Artisticamente, nós temos que olhar por outro lado. Eu tento abstrair ao máximo todas as influências que eu tive durante minha criação machista/preconceituosa e apenas ser eu mesma. Se fossemos criados em uma cultura livre de preconceito, o que nós pensaríamos sobre nossa sexualidade?

O ser humano tem o comportamento natural de exibir aquilo que tem orgulho, seja sobre dinheiro, inovações tecnológicas, carreira (status), poder, arquitetura… Isso é uma constante na história mundial. Podemos levar este conceito, tão natural, para o sexo? Podemos ter orgulho de nossas sexualidades? Sim, claro que sim. Devemos!

6 – GA31 é um trabalho extremamente conceitual e moderno. Qual o conceito GA31 traz para a nossa sociedade e cenário musical atual?

 

Aceitação. Isso fica totalmente em primeiro lugar. Temos que nos aceitar e viver em paz com nossas condições. Isso é um grande passo para obtermos uma maior naturalidade perante nossos estilos de vida diferentes e, eventualmente, a quebra de alguns tabus sociais. Precisamos nos fortalecer como uma comunidade sólida e bem estruturada e, então, será mais fácil lutar contra o preconceito. É um modo inteligente de driblar a intolerância da sociedade moderna.

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Precisamos nos mostrar, retirar a capa de invisibilidade que cobre nossa sexualidade e revelarmos para o mundo a nossa realidade, nua e crua. É um manifesto harmônico, honesto e natural. Só assim poderemos reconfigurar o comportamento social humano, alcançar nossa igualdade e exigir a tão sonhada aceitação na esfera global. Nós sabemos que não adianta tentar resolver tudo isso com um simples passo de mágica. Nós temos que colocar tudo em pratos limpos e sair da nossa zona de conforto, afinal ser feliz e completo é um direito de todos nós.

7 – A música “A força da mulher sapatona” tem tudo para ser um hit, tomar boates e eventos. O acesso a ela e outras músicas acontece apenas através do canal no Youtube? Como a GA31 pretende atingir os públicos desejados?

Estamos finalmente oficializando a música “A força Da Mulher Sapatona” como single promocional do álbum “DEFAME – Reloaded”, com clipe oficial disponível no youtube. Esta música abre uma nova era de divulgação para GA31 e será disponibilizada como download individual. Também estamos disponibilizando o álbum completo e todos os singles no site “SoundCloud”, acessível pelo endereço https://soundcloud.com/gabiconceito.

8 – Quais os próximos planos da GA31? Qual sua agenda? Alguma mensagem especial para as betinas que estão lendo e ouvindo GA31 agora?

Atualmente estou divulgando o meu mais novo single, “Jogos Modernos (A Sua Aposta Em Mim)”, com clipe oficial disponível no youtube

Minha mensagem para todos os “Gabitches” e para todas “Betinas” é a seguinte:

“Sejam vocês mesmos e lutem pela aceitação na esfera global. Busquem elevar suas almas, seu próprio ser, e alcancem toda a sua glória. Somos todos seres humanos, somos um material valioso e precisamos entender que a vida é algo muito mais especial do que pode parecer. Estar vivo é estar em comunhão com o universo. É ser poderoso. É ser real.”

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