MENINA – PENULTIMA PARTE

– Eu vou te matar, Sofia! – Carla veio enfurecida bater em Sofia.

– Você não vai encostar um dedo na minha filha! – Entrei na frente de Sofia.

– Sai da frente Ricardo. Ela não é sua filha, você é estéril! Um imprestável. Você é apenas padrasto dela!

– Eu me considero pai dela, e sou seu ex marido. Eu não quero viver casado com um monstro que rouba a sócia e depois pede para alguém abusar da sua filha. – Carla arregalou os olhos e saiu correndo do quarto. – Onde você vai?

– Eu não vou ser pressa só por tentar educar a minha filha! – Carla sumiu da minha vista. eu não fui atrás, Sofia precisava de mim, mais do que qualquer coisa.

A polícia chegou e tirou Caio do banheiro. Ele foi preso, eu e Sofia encaminhados para uma delegacia próxima. Ela fez exames e graças a Deus como ela mesmo disse, não deu tempo dele consumir o fato. Por mais que ele estivesse nú, eu cheguei na hora certa.

Caio foi preso. Eu e Sofi fomos liberados para voltarmos para o Rio de Janeiro. A polícia procurava por Carla já que Caio contou de quem foi a ideia do crime, mas até agora nada.

POV ELISA.

Estou em pânico, Nanda me ligou contando tudo, eu preciso ver Sofia, abraçar, conversar, cuidar dela. Caio é um filho da puta eu quero mata-lo! Carla é um monstro!

Liguei para o Ricardo, ele disse que estava chegando em casa em meia hora. Resolvi comprar flores para dar a ela, margaridas, são minhas flores preferidas. Espero que ela goste… Comprei um ursinho de pelúcia também, não resisti. Ricardo disse que Sofia não para de chorar. Quero cuidar dela.

POV SOFIA.

Me recuso a acreditar que minha mãe faria isso comigo. Acabei de chegar em casa, Nanda estava à minha espera. Minha melhor amiga veio cuidar de mim, trouxe chocolate.

Desde ontem, quando tudo aconteceu, eu não consegui pregar meus olhos, não consegui dormir. Tenho medo de acordar e dar de cara com o Caio, ou com a minha mãe… Tenho medo.

– Amiga, vai ficar tudo bem, esse louco já está preso… E você sabe, os policiais falam mesmo porque ele foi preso, por mais que a cela dele seja individual. Ela vai ser mulherzinha de alguém na cadeia.

– Tomara que morra.

– E Elisa?

– Não me ligou, nem nada… Deve ser que desistiu de mim, sei lá, devo ter perdido o encanto.

– Elisa não é assim. Ela gosta de você! Ela só deve estar dando um tempo. Eu contei tudo para ela, ela quer matar o Caio.

– Quem não quer? – A respondi. Alguém bateu na porta, era Dora.

– Querida, você tem visita. – Dora abriu um sorriso enorme e quando a minha visita entrou, eu sorri abertamente.

– Até que enfim! – Nanda se levantou colocando a mão na cintura. -Sabia que tem gente que achou que você não queria mais saber dela?

– Jamais. – Elisa me deu um belo sorriso e se aproximou de mim, com todo o cuidado do mundo, se sentou na ponta da cama. – São pra você. – Elisa me surpreende com suas atitudes, aquela mulher séria, tímida ao extremo. Seca as vezes, com um buque enorme de margaridas na mão esquerda e na direita um ursinho marrom. Todo fofo, peguei o buque de suas mãos trouxe para bem perto de mim. – Você gosta de margaridas?

– Muito, amo flores. E ursinhos também. – Elisa abriu um sorriso, senti que era de alivio, como se ela tivesse medo de não me agradar. Ela sempre consegue. – Muito obrigada.

– De nada. – Ficamos nos olhando por um tempo, a vontade que tinha era de roubar um beijo de Elisa ali mesmo.

– Bom! Tô sobrando aqui!  – Nanda se manifestou e olhou para Dora. – Pensando bem, Dora, vem aqui. Me beija! – Todo mundo começou a rir, Nanda corria atrás de Dora que corria de um jeito esquisito. Acho que ela estava fazendo aquilo para me fazer rir. E deu certo. – Me beija, Dora! Assim a gente não fica segurando vela!

– Sinto muito senhorita Fernanda, mas eu não curto não!

– Pena. Bom, já que nem Dorinha me quer, vou embora. – Nanda veio até mim e me deu um beijo. – Amiga, amanhã tô por sua conta, a hora que você me ligar eu venho para grudar em você.

– Tá bom, obrigada por tudo.

– Imagina. – ela deu um beijo na testa. – Elisa, essa garota precisa de muito beijinho, carinho e colo. Você pode cuidar disso?

– Darei meu melhor. – Elisa piscou para Nanda.

– Meu Deus, que piscada foi essa! Agora entendo porque tem gente apaixonada. Vou sair daqui antes que eu me apaixone também! E tô determinada a conquistar você, Dorinha! Amanhã, virei com uma lingerie sexy! – Caímos na risada.

– Olha, dependendo da lingerie, eu até encaro a senhorita, viu!¿ – Dora falou e eu abri a boca, não podia acreditar.

– OPA! Amanhã a gente bate bife. Tchau meninas! – Nanda saiu junto com Dora.

– Vem aqui. – Chamei e Elisa deitou ao meu lado.

– Menina… – Me deu um selinho. – Não vou deixar ninguém lhe fazer mal.

– Eu fiquei com tanto medo, eu achei que ninguém viria me salvar.

– Ricardo é um bom homem e gosta de você, muito.

– Ele me chamou de filha. Acho que finalmente eu tenho alguém para chamar de pai.

– Tem sim.

– E minha mãe? Tem notícias dela? – Elisa negou com a cabeça. – Fiquei com medo dela ir até você. Na hora da raiva eu admiti que eu estava gostando de você, ela veio para me bater mas o Ricardo entrou na frente.

– Ela não me procurou, e se me procurar eu vou chamar a polícia. Me desculpe falar assim Sofia, mas será isso.

– Não se desculpe, eu realmente acho que ela deve pagar por tudo, mesmo sendo minha mãe.

– Você está cansada, seus olhinhos estão fechando. Quer que eu vá embora?

– Não consigo dormir, tenho medo de ficar sozinha. Você pode passar essa noite comigo…Comigo e com o bombom. – Apontei para o ursinho que estava agarrado comigo. – Por favor, apenas me abraçando?

– Claro! Deixe-me tirar os sapatos, gostei do nome dele. Você já comeu? Quer que eu prepare algo?

– Galinha caipira? – Elisa deu uma risada.

– Não dá para fazer isso agora, mas, outro momento eu faço. Talvez, na primeira vez que você for dormir lá em casa eu volto a fazer. – Elisa me roubou um beijo, nos cobriu com o cobertor e me abraçou. – Agora durma tranquila, não vou te soltar.

– Obrigada por tudo, Elisa.

– Não precisa agradecer.

POV ELISA

Acordei no meio da noite, Sofia dormia tranquilamente, porém Ricardo estava me chamando.

Levantei com delicadeza, sem que a acordasse.

– Desculpa te acordar. – Ricardo estava chorando.

– Sem problemas, amigo. Aconteceu algo?

– Sim, me ligaram da delegacia… E acharam Carla.

– Aonde?

– Em um matagal em Petrópolis, ela entrou com o carro nessa mata. Não sei como, mas, ela escreveu uma carta e não sei o conteúdo dela… E depois, ela atirou na cabeça. – Ricardo caiu no choro. – Eu não sei como contar isso para Sofia. Era a mãe dela.

– Eu não aconselho a contar agora, ela demorou a dormir, está descansando. Acho que amanhã você poderia contar isso para ela.

– Mas eu sou só o padrasto dela.

– Não, você é o pai dela.

– Elisa, cuida dela, eu preciso ir lá reconhecer o corpo e cuidar dos detalhes para o enterro. Não sei se faço velório, a notícia do plano dela e Caio vazaram. As pessoas estão chocadas.

– Olha, tente resolver tudo. Peça para o pessoal da funerária aguardar, que você vai conversar com Elisa.

– Está certa, obrigado por tudo.

– Seja forte meu amigo. Apesar dos pesares, acredite, eu não queria que terminasse assim.

– Eu sei… Eu sei. Cuide de Sofia para mim.

– Ok.

Não preguei o olho. Imaginar que Carla está morta, suicídio… Como contar isso para Sofia? Mesmo ela dormindo, abracei-a com cuidado, para passar segurança e todo meu amor.

Amanhã o dia será longo.

POV SOFIA

Suicídio…

Minha mãe se suicidou, escreveu um bilhete onde assumiu o roubo nas partes da empresa de Elisa e que realmente planejou meu abuso. Decidi com o meu pai não ter velório, havia muitos curiosos, querendo conhecer a “Mãe que pediu para estuprarem a filha.”

Disse que os 50% que realmente cabe a ela (e não 70%) ela deixa todo para mim, assim como as casas e todo o tipo de bens. Agora, sou dona de 50% da empresa, Elisa disse que me ajudaria. E eu não tenho dúvidas que ela me ajudaria muito, porém eu não me interesso pelo Brasil e nem por arquitetura.

Então fiz o que acho ser certo, passei legalmente meus 50% para Elisa. Ela não queria, mas era o certo a se fazer. Ela vive para aquela empresa.

Já faz três meses, hoje eu estou voltando para Inglaterra.

A única coisa que me prendia aqui, não me prende mais. Por mais que o nosso sexo seja incrível, nosso companheirismo também, o Brasil não é o meu lugar. Ela tem vontade de tentar uma vida fora, porém tem seus medos, medos esses que eu não tolero.

Quantas vezes eu disse que amava, mas ela ficou calada. Depois diz que gosta, mas que trava com essa palavra. Eu não sei se posso confiar nisso. Minha outra preocupação era Dora, mas Ricardo me ajudou com isso, ele não quis morar em casa. Vendemos a mansão, dei metade para ele, mesmo ele não querendo, até porque não precisa. Ricardo tem seu trabalho e seus lucros, porém mesmo assim, achei melhor lhe dar a parte certa.

Comprei uma casa para Dora e sua família e Ricardo a chamou para cuidar do apartamento que ele comprou. Gostei da ideia, é algo pequeno. Apesar do Ricardo ser bem sucedido, ele não é de ostentar e Dora terá uma ajudante e folga aos fins de semana. Ricardo e eu nos unimos muito. Ele realmente é meu pai, um bom homem e íntegro.

Agora, sobre Elisa… Bom, nós terminamos o que nem ainda era oficial. Cheguei à conclusão que não dá, por mais que eu a ame, adore nosso sexo e goste muito de sua companhia. Bom, eu li em um jornal uma crônica sobre o amor e o cronista citava que o amor é como um carro. E que esse carro não pode parar. E que o combustível do carro é o amor, é a motivação que um parceiro passa para o outro.

Elisa  é uma queda de braço sem fim. Não acho que ela não goste de mim, mas percebia que ela ficava meio constrangida quando ela me apresentava a outras pessoas como companhia dela. Mais constrangida ela ficava se a pessoa soubesse que eu sou filha de Carla, ex sócia de Elisa.

Elisa sempre pensou no que os outros iram pensar… Infelizmente eu a amo, mas não dá.

Continua…

Já leu?

Parte 1

Parte 2

Parte 3 

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

assinatura paula okamura.fw

2 thoughts on “MENINA – PENULTIMA PARTE

  1. Pingback: MENINA - PARTE 8 -

  2. Ana Luisa Jesus Boa Morte says:

    Realmente é uma situação complicada a pessoa tem que se desprender de certos medos para poder ser feliz com a pessoa que ela ama, mas isso não significa que é impossível elas serem felizes muito pelo contrário basta insistência. 😉

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