ROMANCE INDÔMITO – PARTE 3

O enterro de Dona Abigail, na noite do fatídico feriado, reuniu muito mais gente do que se podia conceber. As amigas de escola, os pretendentes, os vizinhos mais próximos, todos eles compareceram para se despedir para sempre da simpática senhora, além de dar as condolências a Cris, que, a muito custo, mantinha-se de pé.

Dentre os presentes estava ninguém menos do que a grande estrela do Solaris, dando suporte e apoio à enlutada. Ava ofereceu-se para dormir na casa da moça, amparando-a como pudesse, e a jovem aceitou, bastante entorpecida pela perda da pessoa que fora sua única referência de mãe.

Chegando a casa, Ava apertou a jovem chorosa contra si, tentando animá-la. Escolheu a roupa de dormir da garota, enquanto ela tomava banho, e juntou as duas camas de solteiro que havia no único quarto da casa – no qual dormiam Abigail e sua neta.

Enrolada numa toalha, Cris dirigiu-se ao seu quarto, despindo-se completamente em frente à sua treinadora. Não pôde perceber as faíscas nos olhos da mulher que a ajudava, nem a angústia que a mesma sentia ao vê-la daquele jeito, tão vulnerável e tão provocante ao mesmo tempo.

– Vista-se logo. Vou lhe colocar para dormir… – Disse Ava, preparando-se para deitar também.

A jovem viu a silhueta desnuda de sua mestra e sentiu um grande calor invadir o seu corpo, porém nada comentou. Com seu pijama de seda, Ava deitou-se por trás de Cris, na posição de conchinha, acariciando o cabelo da garota para que ela adormecesse. Cris arriscou aconchegar-se no colo de Ava, arrancando desta um suspiro mais demorado que o normal.

Absorta no turbilhão de emoções que vivenciava, Ava desceu a mão vagarosamente pelo corpo de Cris, deparando-se com os seios da moça através do tecido, sob o qual sentiu os mamilos dela enrijecerem – e dali não conseguira mais desviar o toque.

Cris, parcialmente desperta, prendera a respiração ao notar que os dedos da mulher, não se contentando com a “barreira” da roupa de dormir, tocavam seus seios, habilidosamente, por dentro da camisola, e era uma sensação tão agradável e incendiária que não pôde impedir um gemido.

Ava, então, envergonhada, interrompeu suas ações bruscamente, sem ousar repeti-las aquela noite.

…….

Cristina nunca poderia imaginar que se sentiria atraída por uma mulher. Contudo, era mais do que isso o que experimentava: ninguém no universo parecia ter tanto poder sobre ela quanto a sua mestra acrobata.

Assim que acordou, percebeu que estava sozinha na cama. Ava já havia feito o café da manhã e a convidara para o desjejum.

– Coma. – Ordenou, puxando uma cadeira para a moça.

Cris beliscou o pão com ovos que jazia no prato, sendo observada com atenção por Ava. “Ela se preocupa comigo”, pensou, internamente satisfeita. Os olhares de ambas, inadvertidamente, se cruzaram, num misto de apreensão e desejo.

– Eu gostei do que você fez comigo ontem… – desabafou Cris, levemente ofegante após a frase.

Ava arregalou os olhos e empalideceu.

– Achei que estivesse dormindo…

– Não consegui cair no sono. – Admitiu Cris, continuando o assunto. – Quero que durma de novo comigo.

– Não sei se devo. – A acrobata abaixou a cabeça, envergonhada. – Desculpe pelo que fiz ontem… Não tenho o direito de lhe tocar sem o seu consentimento.

– Eu disse que gostei… – Enfatizou a jovem. Aproximando-se de Ava, segurou as mãos dela nas suas. – Isso é pecado?

A expressão no rosto de Ava oscilou entre o breve riso pelo comentário de Cris e a seriedade pela situação.

– Não, mas pode significar o fim de minha carreira no circo.

– Como assim? – quis saber Cris, preocupada.

– Jacques Bouchet, o dono do Solaris, não gosta de “escândalos” em seu circo…

– E não há outros empresários? – questionou Cris, compreensiva.

– Sim, há, mas o que já conquistei até aqui… tenho medo de perder, sabe? – Declarou Ava. – Ao mesmo tempo, eu sei que sou gay, Cristina. E não posso mais fingir que não me importo com você. Não aguento mais esconder isso…

Cris foi tomada por uma sensação maravilhosa, como se todo o seu sofrimento pela morte da avó fosse dissolvido por um novo tipo de sentimento. Num ímpeto, alcançou os lábios de sua mestra e amante, beijando-a com toda a delicadeza que detinha. Ava apossou-se de sua amada sem mais conter-se, despindo-a cuidadosamente, ali mesmo, na cozinha. Dali, apoiou-a nos braços até a cama, onde retirou suas próprias vestes.

– Tem mesmo certeza de que é isso que quer, Cris?

– Tenho. – Deliberou a moça, contemplando, maravilhada, o corpo escultural de sua parceira.

Afagando o cabelo de Cris, Ava começou a beijar os lábios dela, perscrutando a sua boca com a língua de forma sensual e vagarosa, o suficiente para que Cris sentisse o corpo inteiro aquecer, tal qual na noite anterior.

Com as duas mãos, a estrela do circo envolveu os seios da jovem à sua frente, ora alisando, ora sorvendo os mamilos dela com lascívia, cujos bicos rosados logo endureceram. Cobrindo o caminho até o umbigo de beijos, Ava estimulou a vagina da moça com os dedos, beijando-lhe a parte superior da coxa, próxima ao púbis.

– Está gostando? – perguntou, atenciosa.

– Sim – Cris respondeu num gemido. Jamais havia provado tão deliciosa sensação em seus 18 anos, afinal, dentre todas as moças da cidade, era a única virgem.

Desta vez sem se conter, Ava caíra de boca na cherry da sua pupila, instigando-a com vigor e propriedade. Conhecia muito bem os artifícios para se enlouquecer uma mulher na cama. Podia notar a agonia de Cris, ansiosa pelo orgasmo que ameaçava explodir a qualquer momento. E sua boca não largava a sensível região íntima da companheira, repetindo incessantemente os movimentos que a deixavam ensandecida de prazer.

Não demorou muito até que ocorresse o clímax, seguido de uma euforia contagiante por parte de Cris, a qual reconhecera ser a sua vez de satisfazer Ava.

Guiada pela amante experiente, Cris sentiu com a palma das mãos os mamilos já endurecidos de tesão da sua parceira e caiu de boca neles, um pouco desajeitada em sua primeira vez, o que arrancou uma risada deleitosa da namorada. Em pouco tempo, havia pegado o jeito e já copiava os mesmos passos de Ava, beijando-a de cima a baixo e concentrando-se no seu clitóris.

Sabendo que, em breve, chegaria lá, Ava puxou Cris para junto de si, cavalgando nela até gozar.

E ali ficaram após o sexo, em silêncio absoluto e torpor intenso, sendo Deus e as estrelas as únicas testemunhas do seu amor proibido.

Continua

Já leu?

Parte 1 

Parte 2

assinatura cika.fw

 

 

Deixe uma resposta